quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Maçãs

Plena mulher, maçã carnal, lua quente, 
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, 
que obscura claridade se abre entre tuas colunas? 
que antiga noite o homem toca com seus sentidos? 
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, 
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha: 
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos 
por um so mel derrotados. 
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, 
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, 
e o fogo genital transformado em delícia 
corre pelos ténues caminhos do sangue 
até precipitar-se como um cravo nocturno, 
até ser e não ser senão na sombra de um raio. 

1 comentário:

Marcia M disse...

Linda demais esta foto !! Tentação!
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda